terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Belo Monte vs Eólicas

Trocar Belo Monte por parques eólicos custaria até R$83 bilhões, diz estudo

Análise do Gesel-UFRJ defende usina e ainda aponta que uso de energia solar exigiria R$500 bilhões

Por Luciano Costa




Um levantamento feito pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ) aponta que erguer parques eólicos com potência equivalente à hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), que está sendo construída no rio Xingu, Pará, custaria entre R$47,8 bilhões e R$83,6 bilhões. Ainda de acordo com o estudo, a alternativa de uso de energia solar exigiria investimentos de algo entre R$355 bilhões e R$507 bilhões. A megausina do Xingu está orçada em R$25 bilhões.

Para os especialistas do Gesel, utilizar essas fontes renováveis ao invés de construir a megausina implicaria em “perda de competitividade da economia brasileira, em função do diferencial de custos dessas fontes em relação à hidroeletricidade” e em “problemas de garantia e segurança do suprimento em função da sazonalidade e intermitência” dessas formas de geração.

O estudo aponta “menor densidade energética” e “imaturidade tecnológica” dessas fontes. Assim, para substituir Belo Monte à altura, “seria obrigatória” a construção de termelétricas. Nesse sentido, o grupo compara os custos de mitigação de impactos sócio ambientais. Em Belo Monte, serão R$3,3 bilhões destinados a esse fim. No caso de térmicas a gás natural – as menos poluentes – a estimativa é de que o impacto ambiental custaria R$24,1 bilhões, quase oito vezes mais.

“Foi possível constatar que políticas de eficiência energética e investimentos em fontes alternativas de energia são incapazes de atender por si só o crescimento da demanda por energia elétrica”, conclui o Gesel. O estudo é assinado pelo coordenador do grupo, Nivalde José de Castro, e os pesquisadores André Luís da Silva Leite e Guilherme Dantas.

Para chegar às conclusões apresentadas, o Gesel mostra os números utilizados como referência. Para os parques eólicos, foi calculada uma tarifa média de R$148 por MWh e um fator de capacidade médio de 30%. Nos últimos leilões, porém, a fonte chegou a uma tarifa de R$100 por MWh e as usinas prometeram índices de eficiência acima dos 50%. Na geração solar, os especialistas utilizaram como referencial um custo de R$500 por MWh. A tarifa de Belo Monte para o consumidor regulado será de R$78 por MWh.

Clique aqui (http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/TDSE35.pdf) para acessar a íntegra da análise.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Mais sobre a polêmica de Belo Monte

O coordenador do Gesel, Prof. Nivalde de Castro, participou da TV Belo Monte esclarecendo questões relacionadas à construção da Usina. A proposta dos vídeos é debater a importância e o impacto das obras, promover uma monitoração audiovisual do empreendimento e ser uma oportunidade para a sociedade acompanhar e discutir o projeto com informações básicas.

Para assistir à TV Belo Monte, clique aqui.

Confira também o Texto de Discussão Análise comparativa entre Belo Monte e empreendimentos alternativos: impactos ambientais e competitividade econômica. O estudo, elaborado por pesquisadores do Gesel, analisa as condicionantes ambientais e econômicas da UHE de Belo Monte em comparação a todas as outras possibilidades de geração de energia elétrica.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Texto Sobre Belo Monte

No texto abaixo, um debate mais elegante sobre a construção de UHE Belo Monte.

Belo Monte: Notícia ou Novela?
Adjútor Alvim*

Alguns artistas da Rede Globo gravaram um vídeo sugerindo aos internautas assinarem uma petição eletrônica contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Neste vídeo, produzido pelo "Movimento Gota d´Água", os atores listaram uma série de problemas relativos ao empreendimento e seus impactos.
A ecofumante


Vamos tentar ignorar a questão cênica, deixar sutiãs à parte e focar nas questões concretas, buscando avaliar se procedem ou não.

Operação de somente 1/3 da capacidade

Diz o vídeo:

"Do que adianta construir a terceira maior hidrelétrica do mundo, se ela só vai produzir, de fato, um terço da sua capacidade"

"Porque durante 8 meses do ano, aquela região praticamente seca"

O texto está correto ao dizer que a usina não produzirá 100% de sua capacidade instalada durante todo o tempo.

O que o texto não diz é que isto é uma característica das hidrelétricas modernas ao eliminar os reservatórios de acumulação com o objetivo de diminuir os impactos ambientais.

Em artigo para a Folha de São Paulo em 12-fev-2011, Luiz Pinguelli Rosa, físico e ex-presidente da Eletrobrás em 2003-2004, aponta que Belo Monte terá potência máxima instalada de 11GW e produção média de 4,6 GW, determinando um fator de capacidade de 42%. Este valor é menor que os de Jirau e de Santo Antônio e da média das hidrelétricas brasileiras, que é pouco acima de 50%.

Outras médias são 21% nas hidrelétricas na Espanha, de 32% na Suíça, de 35% na França e no Japão, de 36% na China e de 46% nos EUA.

Fator de capacidade das hidrelétricas brasilerias. Fonte: Wikipedia


24 Bilhões de reais de recursos públicos

"...e vai custar 30 Bilhões!"

"80% desse dinheiro é de imposto"

"São 24 bilhões que vão sair do seu bolso"

Neste ponto, o vídeo mais confunde que esclarece. O custo estimado pela mercado realmente é de 30 Bilhões. Os 80% mencionados referem-se ao valor financiado pelo BNDES.

Conforme o site do banco:
"85% dos itens financiáveis, limitada a 80% do investimento total. O capital próprio dos acionistas deverá ser de, no mínimo, 20% do investimento total do projeto..."

Portanto, os 24 bilhões seriam referentes ao crédito oferecido pelo BNDES e que retornarão a seu caixa, acrescidos dos juros referentes ao financiamento.
Isto não quer dizer que não haja dinheiro público. O consórcio responsável pelo empreendimento é composto por:
Composição do consórcio Norte Energia S.A.

O Grupo Eletrobrás tem 70% de capital estatal. Temos, portanto, em Belo Monte:
Investimento direto estatal de 10,5 Bilhões (70% de 50% de 30 Bilhões);
Financiamento do BNDES de 24 Bilhões (80% de 30 Bilhões).
Discutamos Belo Monte, discutamos participação do tesouro em empresas de energia, discutamos financiamento público para obras de infra-estrutura.

Misturar estas coisas, entretanto, é poluir o debate.

Efeitos sobre o parque nacional do Xingu

Em termos de danos ambientais o video diz que

"Só que abaixo da barragem, o rio banha o Parque Nacional do Xingu"

Veja no primeiro mapa onde se localiza o Parque Nacional do Xingu e, no segundo, onde fica Altamira, município mais próximo da Usina de Belo Monte.
Parque Nacional do Xingu
(http://pib.socioambiental.org/pt/povo/xingu/1539)








Altamira









Continuam os artistas:

"A Usina de Belo Monte vai alagar, inudar, destruir 640 km2 de floresta amazônica"

Em relação a outras usinas de grande capacidade, a área alagada de Belo Monte não é grande, conforme tabela abaixo:
Capacidade instalada X área alagada. Fonte: Wikipedia

Ressalte-se que a manutenção de uma área alagada reduzida é a principal razão do relativamente baixo aproveitamento da capacidade instalada no período de estiagem. Com um pequeno reservatório, a usina tem que contar com o fluxo normal do rio para gerar energia. Esta superfície foi, portanto, um valor para equilibrar a viabilidade financeira do empreendimento com o menor impacto ambiental possível.

Vamos tentar entender o que significam 640 km2.

O gráfico abaixo mostra o desmatamento anual da Amazônica até 2008:



640 km2 são cerca de 5% do desmatamento anual da Amazônica.

Correspondem a 64.000 hectares

Há propriedades de 64.000 hectares que podem ser compradas na Amazônia.


Fontes alternativas: eólica ou solar

Outro ponto levantado no video diz respeito às fontes alternativas de energia. O texto diz:

"É possível criar outras alternativas para se gerar energia. Energia eólica! energia solar!"

Sim, é fato.


Turbinas Eólicas

Um problema que prejudicava os investimentos em energia eólica era o custo do MW/h gerado. Isto está mudando.

Com a crise no mundo desenvolvido, os fabricantes de equipamentos para este tipo de usina estão reduzindo as margens a fim de conquistar mercado no Brasil, o que barateia o custo do MW/h.O governo contratou o MW/h de energia eólica por R$ 140,00 em 2009; por R$ 130,00 em 2010 e R$ 99,00 em agosto de 2011.

Para as grandes hidrelétricas, os preços negociados para fornecimento por MW/h foram R$ 71,40 de Jirau, R$ 78,90 de Santo Antônio e R$ 77, 97 de Belo Monte.

A energia éolica continua mais cara que a das grandes hidrelétricas, mas já é mais barata que a das PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e da biomassa.

Sua participação na matriz energética brasileira, hoje em 0,8%, deverá atingir 7% em 2020, conforme prevê o PDEE (Plano Decenal de Expansão de Energia), da EPE (Empresa de Pesquisa Energética):

"A capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional deverá evoluir dos cerca de 110.000 MW em dezembro de 2010 para 171.000 MW em dezembro de 2020, com a priorização das fontes renováveis (hidráulica, eólica e biomassa). Se por um lado a participação das hidrelétricas cairá de 76% para 67%, a geração oriunda de fontes alternativas, como a de usinas eólicas, de térmicas à biomassa e de PCHs, vai dobrar em dez anos, de 8% para 16%. A geração eólica será destaque, aumentando de 1% para 7%. Com isso, a fatia de fontes renováveis se manterá em torno de 83% ao final do decênio."

Ou seja, apesar de ainda ser mais cara, já existem investimentos para desenvolver energia eólica no Brasil e, dentro das fontes renováveis, o planejamento é de diminuição da participação das hidrelétricas de grande porte.

Algumas informações interessantes sobre energia eólica no Brasil estão em:
Energia Eólica é Destaque em Leilões
Futuro da Energia Eólica no Brasil
Sobe Participação da Energia Eólica na Matriz Energética Brasileira
Participação da Energia Eólica pode Chegar a 15% em 2020


Estrelas globais podem ter em casa

Sobre energia solar é consenso que ainda não há tecnologia suficientemente eficiente para gerar energia em larga escala.

Talvez os artistas nos dêem o exemplo e instalem painéis solares em suas residências.







Dezenas de hidrelétricas na Amazônia

Na sequência, o vídeo informa:

"Esta é a primeira de dezenas de hidrelétricas que o governo pretende construir na Amazônia nos próximos anos."

Veja, no mapa de 2008 abaixo, que as bacia do Amazonas, a do Tocantins-Araguaia e a do Paraná possuem alto potencial hidráulico, sendo que o aproveitamento era, à epoca, de 1%, 44% e 72% respectivamente.

Hidreletricidade: potencial e capacidade instalada

Faz todo sentido, portanto, que se construam hidrelétricas na Amazônia.

No geral, o Brasil tem capacidade instalada para somente um terço de seu potencial hidrelétrico.

Isso não quer dizer que a sociedade não deva estar atenta a cada projeto para avaliar seus inevitáveis impactos ambientais e participar, em tempo hábil, das decisões de realização ou não dos empreendimentos, de quais impactos serão aceitos e quais deverão ser evitados.
Fonte PNE 2030

Observe que 38% do potencial hidráulico da bacia do Amazonas pode ser realizado sem impacto ambiental.

Populações afetadas

O vídeo agora se preocupa com os habitantes da região:

"Pra onde vão ser levados os ribeirinhos e os índios?"

A figura abaixo mostra o projeto de Belo Monte, conforme dados fornecidos pelo Relatório de Impacto Ambiental aprovado pelo Ibama para emissão da Licença Ambiental:


O alagamento para formação do reservatório não inundará áreas indígenas.

Para estes, o grande impacto do projeto será a diminuição da vazão Rio Xingu entre a barragem principal e a casa de força principal. Nesta região, existem duas comunidades indígenas.

A Reserva Indígena Paquiçamba
População: 95 habitantes
Representação:Associação da Comunidade Juruna do Xingu do Paquiçamba (ACOJUPA)
http://pib.socioambiental.org/caracterizacao.php?id_arp=3788
A Reserva Indígena Arara da Volta do Grande Xingu
População: 111 habitantes
Representação: não existe
http://pib.socioambiental.org/caracterizacao.php?id_arp=4302

Mais ao Sul, uma outra terra indígena na bacia de um dos afluentes do Xingu, o Bacajá, pode ser afetada pela alteração do regime hidríco da região.

A Reserva Indígena Trincheira Bacajá
População: 746 habitantes
Representação: Associação dos Índios Kaiapó da Aldeia Potikrô (AIKAP)
http://pib.socioambiental.org/caracterizacao.php?id_arp=3609
A diminuição da vazão do Xingu e, eventualmente, do Bacajá pode interferir nestas comunidades ao dificultar a navegação e prejudicar caça e pesca.

Por isso, consta no Relatório de Impacto Ambiental de Belo Monte que:

"Para garantir a navegação no Trecho de Vazão Reduzida durante o período de seca, os estudos feitos no EIA mostraram que não podem ser liberadas pelo AHE Belo Monte, neste trecho, vazões menores que 700 metros cúbicos por segundo. Caso contrário, a navegação será interrompida em várias partes do Trecho de Vazão Reduzida."
"Assim, foram definidos no EIA esses dois valores mínimos de vazão para se diminuir a perda de ambientes para os peixes que dependem dos pedrais (4.000 metros cúbicos por segundo) e para aqueles, além de outros animais, que dependem das planícies aluviais (8.000 metros cúbicos por segundo)."

Se estas ações serão suficientes para evitar impactos significativos na vida destas comunidades ainda é impossível dizer. Mas ainda existem recursos financeiros que podem ser destinados a atuar sobre os danos ambientais à media que o empreendimento for se desenvolvendo.

A expectativa do governo e consórcio responsável pelo empreendimento é que os índios permaneçam onde estão com adaptações insignificantes em suas rotinas.

A segunda metade da pergunta do vídeo diz respeitos os ribeirinhos. A população diretamente afetada é apontada na tabela abaixo:
Fonte: Relatório Impacto Ambiental


Só para termos idéia do que são estes números, vamos a exemplos de obras publicas que demandam desapropriação, frisando que os números acima não implicam, necessariamente, em deslocamento.

Para construir a Transcarioca, obra de mobilidade para Copa 2014, o município do Rio de Janeiro vai desapropriar, total ou parcialmente, 3.630 imóveis.

A obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), também visando a Copa 2014, demandará a retirada de 3.200 famílias em Fortaleza.

Em São Paulo, a interligação da avenida Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) com a rodovia dos Imigrantes propõe a desapropriação de 11.400 famílias.

Desapropriações são necessárias em uma infinidade de obras públicas, então não faz sentido um posicionamento contrário a um empreendimento em função da necessidade de deslocamento de famílias.

Evidente que estes deslocamentos devem ser minimizados e, os casos inevitáveis, corretamente indenizados.

Belo Monte, em particular, oferece as seguintes opções aos afetados pela construção e operação da Hidrelétrica:

Fonte: Relatório de Impacto Ambiental


Os índios foram ouvidos?

Nesse ponto, surja talvez a pergunta mais relevante do vídeo:

"Será que os índios são ouvidos?"


Segundo Dilma Roussef, em Conversa com a Presidenta de 9-agosto-2011:

Conversa com a Presidenta

"... e o reservatório não vai atingir nenhuma das dez terras indígenas da área. Os povos indígenas não serão removidos de suas aldeias. Belo Monte talvez seja o empreendimento que mais se cercou de cuidados em relação às comunidades indígenas e ao meio ambiente. Desde o início, realizamos 38 reuniões de esclarecimentos e de consultas nas aldeias da área, além de quatro audiências públicas na região, que atraíram mais de 8 mil participantes. O resultado foi a reformulação do projeto original. Por exemplo, a área de inundação foi reduzida em aproximadamente 60%."

Segundo a FUNAI em nota de 05-abril-2011:

"Em todas as terras indígenas a Funai cumpriu seu papel institucional no processo de esclarecimento e consulta junto às comunidades indígenas, realizando mais de 30 reuniões nas aldeias, documentadas em áudio e vídeo."

"...em setembro de 2009, foram realizadas audiências publicas nas cidades paraenses de Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém, atraindo cerca de 8.000 participantes, dos quais mais de 5.000 em Altamira, dentre eles, aproximadamente, 200 eram representantes indígenas."

"Ressalte-se, também, que no mês de fevereiro de 2011, realizou-se seminário em Brasília para o qual foram trazidas lideranças indígenas da região de Belo Monte para informação dos povos sobre as etapas do projeto."

Buscando o contraponto às posições oficiais, não foi possível encontrar muito material.

Da Terra Indígena Paquiçaba, descobre-se que a aldeia dividiu-se sobre a usina em abril de 2010. No dia 17 daquele mês, o Estado de Sâo Paulo informou:

"Metade da aldeia, inclusive o cacique Manuel, de 70 anos, vê com bons olhos a construção da usina, de 11.233 megawatts (MW). A outra ala, um pouco mais jovem, não pode nem ouvir falar do empreendimento, que custará R$ 19 bilhões."

Sobre a Terra Indígena Arara da Volta do Xingu, na mesma reportagem, o Estadão toma o depoimento do ancião mais velho da aldeia:

"Por isso digo que essa usina vai acabar com nossas vidas aqui. Belo Monte virou minha grande tristeza."

O ativismo do cacique, sobrinho do ancião, contra a usina também é mencionado mas não se consegue dar um panorama geral da visão dos índios.

Já a terceira comunidade indígena mais afetada, a Terra Indígena Trincheira Bacajá, pediu providências ao Ministério Público do Pará em outubro de 2011, conforme divulgou a Assessoria de Imprensa do órgão em nota de 08 de novembro de 2011. Ainda segundo a nota:

"Os índios, durante a visita do procurador, relataram que os engenheiros da Norte Energia afirmaram por diversas vezes que eles seriam informados dos impactos, o que ainda não aconteceu."; e

"Com a diminuição de 80% a 90% no volume de água da Volta Grande, os indígenas concluem que haverá o desaparecimento dos peixes."

Por sua vez, o seminário realizado em Brasília em 7 de fevereiro de 2011 ( “A Hidrelétrica de Belo Monte e a Questão Indigena”) não teve repercussão na grande imprensa. A nota divulgada ao final do evento foi bastante crítica em relação à obra e seus impactos ambientais. Também recebeu críticas severas a condução do empreendimento por parte dos agentes públicos e privados, apontando subestimação de impactos ambientais, sociais e antropológicos e pequeno nível de diálogo com as comunidades indígenas. Veja a íntegra da nota aqui.


Precisamos ficar mais atentos ao Brasil

Por fim, um alerta dos participantes do vídeo que, embora seja inteiramente correto, deveria soar a eles mais como uma auto-crítica do que uma efetiva recomendação.

"Ninguém vai discutir o assunto? A gente vai fingir que nada tá acontecendo?"

"Precisamos ficar mais atentos ao Brasil"

Também deveria soar como autocrítica aos que voltam todo sua atenção política para o acompanhamento da última novela das 8 de queda ministerial e esquecem que dinheiro público não é só gasto com corrupção, mas também com investimentos cuja desenrolar nos impacta diretamente.

O projeto de Belo Monte é discutido há mais de 30 anos e houve inúmeras oportunidades de debate desperdiçadas pela sociedade.



Fonte: Norte Energia S.A.

A imprensa brasileira escrita e televisiva foi extremamente ausente no divulgar, discutir e repercutir o empreendimento Belo Monte. Houve inúmeros eventos e marcos praticamente ignorados pela mídia onde o governo ficou à vontade para impor seu peso sobre os agentes socias enfraquecidos pela ausência da caixa de ressonância que um jornalismo atuante lhe proporcionaria.

Como ilustração, basta uma visita a um painel que lista os eventos relativos à Amazônia em 2010. Repare a pequena participação de Belo Monte na agenda amazônica do ano em questão.

Outro exemplo é a repercussão que o seminário de fevereiro/2011 sobre a questão indígena de Belo Monte teve na Folha de São Paulo. Abaixo, você vê todo o espaço dedicado pelo jornal ao seminário.


TRIBO Fernando Bizerra Jr./Efe



Ontem, em Brasília, índios fizeram atos contra a construção de Belo Monte

Enfim, enquanto a sociedade brasileira não se conscientizar e se interessar pelo processo político, acompanhando e participando das discussões no seu devido tempo, ficará adormecida, aguardando que um vídeo recheado de atores de Malhação venha lhe despertar.

Perguntas que Ficam

Além das perguntas e questionamentos sobre Belo Monte que, provavelmente, só serão respondidos depois que a hidrelétrica estiver em operação, há outros que podemos deixar no ar para reflexão sobre meio ambiente, vida saudável, desenvolvimento sustentável e energia:

1 - Não é contraditório alguém defender desenvolvimento sustentável (e, portanto, saudável) com um cigarro nas mãos?

2 - Não é ainda mais contraditório alguém defender uso racional dos recursos naturais proclamando-se usuário de IPad, IPhone, ITudo? Não seria interessante que os bem intencionados apresentadores do vídeo também propusessem medidas cotidianas de economia de energia e contenção do consumismo?

*Adjútor Alvim é o "Editor" do blog Casa de Tolerância

sábado, 3 de setembro de 2011

Internacionalização da Eletrobrás

A economia brasileira tradicionalmente receptora de Investimentos Externos Diretos ampliou, na última década, o número e a diversidade em termos de setores da atividade econômica, a atuaçao de empresas transnacionais brasileiras. Este artigo tem como objetivo contribuir com a compreensao desta nova realidade – internacionalizaçao de empresas brasileiras - que se recente pela relativa pequena quantidade de pesquisas, sobretudo no que diz respeito a empresas públicas.
Para isto, apresenta a estratégia de internacionalizaçao da Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), criada a partir de um estado desenvolvimentista e intervencionista que objetiva atuar na construçao de grandes projetos de infra-estrutura, agora se lança no mercado externo com objetivos estratégicos vinculados a retornos financeiros, mas também como instrumento de uma política integracionista do governo brasileiro. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa uma vez que o objetivo do trabalho era conhecer e descrever as estratégias utilizadas pela empresa para internacionalizaçao, e este tipo de pesquisa permite um entendimento mais profundo do fenômeno de interesse.

Para baixar o texto, clique aqui: http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/tdse/TDSE38.pdf

VI SISEE - Seminário Internacional do Setor de Energia Elétrica: Integração Energética na América Latina

A integração dos setores de energia elétrica dos países da América Latina é um processo que ganha força e consistência em função de diferentes fatores, destacando-se a necessidade crescente de ampliar a base produtiva deste insumo estratégico para o desenvolvimento econômico e social dos paises da AL. Estudos vêm demonstrando que a integração permite ampliar a oferta nacional de energia elétrica com menor necessidade de investimentos por conta da complementariedade, de economias de escala, de uso mais racional dos recursos energéticos, etc.

A própria situação de crise econômica mundial é, para a AL, mais um estímulo à Integração Energética, dado que ela permitirá focar e estimular o desenvolvimento do mercado interno - principal variável para suportar e superar a crise mundial, como o Brasil bem demonstrou em 2009-2010.

Dentro desta perspectiva de contribuir academicamente para o processo de integração energética, que o GESEL-UFRJ irá realizar o VIº SISEE - Seminário Internacional do Setor de Energia Elétrica. O evento acontece nos dias 28, 29 e 30 de agosto, em Foz do Iguaçú - na sede da Binacional Itaipu. O local foi escolhido por ser este empreendimento o mais importante, significativo e exitoso projeto de integração energética da América Latina.


Para conferir resumo e slides de apresentações, clique aqui http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/apresentacoes/apres.VISISEE.htm

terça-feira, 19 de julho de 2011

COPPE divulga Relatório do Seminário sobre SEB

No dia 5 de maio de 2011, a COPPE realizou um seminário sob o título “Uma reflexão sobre a integração dos modelos de operação, planejamento e comercialização no setor elétrico brasileiro”. Para tal, produziu um termo de referência que abordou diversas e preocupantes questões voltadas às metodologias e critérios adotados no planejamento, na operação e na comercialização do setor elétrico brasileiro. Para debater esses temas, foram convidados renomados técnicos das seguintes instituições: CEPEL (Maria Elvira P. Maceira), EPE (Sergio Henrique Cunha e Ângela Livino), ONS (Mario Daher), CCEE (Alexandre Nunes Zucarato), MME (Altino Vieira Filho, representado por Maria Elvira P. Maceira) e Consultora PSR (Mario Veiga). Uma primeira exposição foi feita, aberta ao público, com a avaliação dos técnicos de cada instituição sobre os temas apresentados. Em um segundo momento, foi realizada uma reunião técnica entre a COPPE e os técnicos convidados. O documento agora disponibilizado apresenta uma avaliação da COPPE sobre os problemas debatidos no seminário, bem como o termo de referência citado acima. Os pontos listados podem não representar o ponto de vista das instituições convidadas, muito embora, eventualmente, possam coincidir com a visão da COPPE. Para ler o texto na íntegra, clique aqui: http://www.provedor.nuca.ie.ufrj.br/eletrobras/estudos/coppe1.pdf.

(GESEL-IE-UFRJ – 19.07.2011)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Nosso artigo sobre a internacionalização da Eletrobrás

Formação de uma campeã nacional.


André Luis da Silva Leite, Graciella Martignago e Gabriela Gonçalves Silveira Fiates e Nivalde J. de Castro.

Resumo:
A economia brasileira tradicionalmente receptora de Investimentos Externos Diretos ampliou, na última década, o número e a diversidade em termos de setores da atividade econômica, a atuaçao de empresas transnacionais brasileiras. Este artigo tem como objetivo contribuir com a compreensao desta nova realidade – internacionalizaçao de empresas brasileiras - que se recente pela relativa pequena quantidade de pesquisas, sobretudo no que diz respeito a empresas públicas.
Para isto, apresenta a estratégia de internacionalizaçao da Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), criada a partir de um estado desenvolvimentista e intervencionista que objetiva atuar na construçao de grandes projetos de infra-estrutura, agora se lança no mercado externo com objetivos estratégicos vinculados a retornos financeiros, mas também como instrumento de uma política integracionista do governo brasileiro. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa uma vez que o objetivo do trabalho era conhecer e descrever as estratégias utilizadas pela empresa para internacionalizaçao, e este tipo de pesquisa permite um entendimento mais profundo do fenômeno de interesse.

link: http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/tdse/TDSE38.pdf

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Belo Monte

CASTRO, Nivalde José de; LEITE, André Luis da Silva; DANTAS, Guilherme de A. “Análise comparativa entre Belo Monte e empreendimentos alternativos: impactos ambientais e competitividade econômica”. GESEL - Texto de Discussão do Setor Elétrico n.º 35. Rio de Janeiro, junho de 2011.

O GESEL/UFRJ concluiu um estudo defendendo a opção brasileira pela UHE de Belo Monte. O documento diz que, comparativamente às demais fontes de energia, a usina é a única hoje que atende aos três critérios centrais para o planejamento da matriz energética: garantir o suprimento com modicidade tarifária e promoção da sustentabilidade ambiental. O estudo compara: enquanto os custos para reduzir os impactos socioambientais de Belo Monte na região foram estimados em R$ 3,3 bilhões, os de uma térmica a gás natural que substituísse a hidrelétrica atingiriam R$ 24,125 bilhões, quase 8 vezes maior. A vantagem do empreendimento do Rio Xingu, diz o estudo assinado pelos economistas Nivalde de Castro, coordenador do GESEL, André Luis da Silva Leite e Guilherme de A. Dantas, se repete quanto à tarifa, à capacidade de geração, ao custo de instalação, à área ocupada e à ausência de emissão de gases poluentes. Para Nivalde, a produção e o consumo de energia vão "necessariamente" provocar impactos ambientais. Mas o objetivo é chegar à otimização dos recursos, uma vez que 70% do aproveitamento hidrelétrico brasileiro estão na região Amazônica. Para ler o estudo na íntegra, clique aqui: http://www.provedor.nuca.ie.ufrj.br/eletrobras/estudos/castro123.pdf

domingo, 12 de junho de 2011

GESEL publica estudo sobre Belo Monte

O GESEL/UFRJ concluiu um estudo defendendo a opção brasileira pela UHE de Belo Monte. O documento diz que, comparativamente às demais fontes de energia, a usina é a única hoje que atende aos três critérios centrais para o planejamento da matriz energética: garantir o suprimento com modicidade tarifária e promoção da sustentabilidade ambiental. O estudo compara: enquanto os custos para reduzir os impactos socioambientais de Belo Monte na região foram estimados em R$ 3,3 bilhões, os de uma térmica a gás natural que substituísse a hidrelétrica atingiriam R$ 24,125 bilhões, quase 8 vezes maior. A vantagem do empreendimento do Rio Xingu, diz o estudo assinado pelos economistas Nivalde de Castro, coordenador do GESEL, André Luis da Silva Leite e Guilherme de A. Dantas, se repete quanto à tarifa, à capacidade de geração, ao custo de instalação, à área ocupada e à ausência de emissão de gases poluentes. Para Nivalde, a produção e o consumo de energia vão "necessariamente" provocar impactos ambientais. Mas o objetivo é chegar à otimização dos recursos, uma vez que 70% do aproveitamento hidrelétrico brasileiro estão na região Amazônica. Para ler o estudo na íntegra, clique em http://www.provedor.nuca.ie.ufrj.br/eletrobras/estudos/castro123.pdf. (O Globo, 10/06/2011)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Artigo Gesel: Belo Monte

ASTRO, Nivalde. “Belo Monte, um grande desafio e muitas externalidades na sua construção”. Canal Energia. Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2011.

No artigo, Nivalde Castro faz uma análise justificando a construção da UHE de Belo Monte a despeito das criticas internacionais, mostrando como essas desconsideram os pesados investimentos em mitigações dos impactos ambientais e como a construção da mega usina vai de acordo com as prioridades estratégicas brasileiras. Para ler o texto na íntegra, clique aqui.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Insights Econômicos, por Pedro Paulo Bramont, Dr.

Todo mundo sabe de que o Brasil precisa para decolar:

alívio e simplificação da carga tributária,

redução dos gastos do governo => redução da taxa de juros => redução dos gastos com juros da dívida pública interna => redução dos gastos do governo

alívio e simplificação na CLT e

melhora na infra-estrutura: portos, estradas e aeroportos,

só para citar os principais.

Mas há vários nós górdios nesse caminho e não vemos nenhuma iniciativa real por parte do executivo nem tão pouco por parte do legislativo.

Continuamos na base do go-stop-go.

E o tempo passando!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Projeto PIB

O Projeto Perspectivas do Investimento no Brasil visa a estudar as tendências dos investimentos nos setores da economia brasileira. Abaixo segue o link para o estudo do setor de Energia


http://www.projetopib.org/index.php?p=documentos

Luz para todos? por Delfim Netto

Os argumentos de quem condena o aproveitamento da energia dos rios amazônicos ignoram as reais mudanças que
as hidrelétricas produzem, seja a preservação do meio ambiente, seja o bem-estar da população nas regiões beneficiadas

O Brasil é, seguramente, levando-se em conta as economias que alcançaram um nível importante de desenvolvimento, o País que tem a matriz energética mais “limpa” do planeta. Alcançamos um nível de utilização de 40% de energia renovável, enquanto nos demais países “civilizados” a oferta dessa energia não atinge, em média, 10% do consumo. Talvez muitos brasileiros não se deem conta da importância disso e, mais ainda, da necessidade de continuarmos investindo de maneira correta para ampliar a oferta de energia limpa que vai sustentar o crescimento nos próximos anos.

Sabemos que o aprendizado da Geografia e o estudo da História já tiveram melhor ibope em nossas escolas. É triste ler em publicações estrangeiras dissertações de brasileiros que se apresentam como “ativistas ambientais” condenando o aproveitamento da energia dos rios amazônicos. Usam argumentos que ignoram as reais mudanças que as hidrelétricas produzem, seja para a preservação correta do meio ambiente e mais ainda para o bem-estar e sustento econômico dos habitantes das regiões beneficiadas.
Os segmentos mais lúcidos da sociedade e do governo vêm conseguindo, no entanto, superar as resistências infantis à utilização da energia hídrica e dão suporte à substituição dos combustíveis campeões das emissões de dióxido de carbono. E também no particular, somos o único país importante a agir para criar as condições de redução efetiva dos efeitos dessas emissões.

Isso nos deixa numa situação relativamente confortável nos debates sobre a proteção do meio ambiente, mas é apenas uma parte do problema. A humanidade envolve-se em longas discussões de enorme complexidade que raramente levam ao consenso e que tendem a gerar nas mentes mais generosas e ingênuas a ideia de soluções simples, às vezes radicais e, geralmente, erradas.
Uma disposição mínima para avançar num entendimento permitiria aos países explorar conjuntamente alguns caminhos, como por exemplo: 1. Insistir em investimentos, em escala planetária, no desenvolvimento das tecnologias (na nova revolução industrial em curso) que permitam aumentar a produção de bens e serviços com menos liberação de CO2, na linha do que já acontece quando usamos o etanol em lugar da gasolina. 2. Desenvolver mecanismos capazes de extrair da atmosfera e armazenar o dióxido de carbono. 3. Selecionar os investimentos em pesquisas sérias para tentar conhecer melhor as demais causas e transmitir os ensinamentos de forma a obter a adesão das populações em escala global.

Pode-se dizer que, antes do advento da internet, uma coordenação dessa natureza seria impossível. Já não é. Ela possibilitará, eventualmente, mudar o viés de cinismo dos governos dos países mais desenvolvidos que se comportam (com poucas e honrosas exceções) anunciando a “vontade política” de enfrentar o problema do aquecimento global, mas sempre evitando assumir compromissos antes de cumprirem prazos de carência que variam entre 25 e 50 anos!

A China exige mais 30 anos de desenvolvimento robusto, sem ter de aceitar metas de combater o “efeito estufa” (quer dizer, renunciar em grande parte à utilização da energia fóssil, carvão em primeiro lugar) se isso puder resultar em redução dos níveis de crescimento necessário para absorver as tensões sociais derivadas da crescente urbanização que acompanha o progresso industrial.
Nos Estados Unidos houve avanços desde o fim da “era Bush”, com os programas de Obama de incentivo à pesquisa de processos e à produção de combustíveis alternativos que reduzam a poluição, mas tudo lá anda um tanto emperrado, ainda em função dos embaraços deixados pela crise financeira e, atualmente, em razão da fragilidade política do presidente.
Por sua vez, o Brasil demonstrou ao longo de sua história um comportamento superior ao da maioria dos países em termos de preservação ambiental, em benefício de toda a humanidade. Existem levantamentos recentes que comprovam a superioridade do tratamento do homem brasileiro, relativamente aos demais da espécie universal, na conservação da natureza e isso compreende os biomas mais importantes como o amazônico, o do Cerrado e o Pantanal de Mato Grosso.

fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/luz-para-todos