terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sobre a CPI da ANEEL

O argumento principal que motivou a criação da CPI da ANEEL é o de que 'as tarifas no Brasil são as mais altas do mundo'. Uma reportagem sobre o tema encontra-se no post "Porque as tarifas são altas no Brasil"Visualizar.
Em verdade, o assunto é muito mais complexo do que meramente uma singela comparação de preços nos faz crer. Assim, sobre este assunto, copio o texto que está no blog do Ronaldo Bicalho ( http://blogln.ning.com/profiles/blogs/comparacoes-internacionais), pois creio que este texto resume perfeitamente a questão.

Comparações internacionais: CPIs e jabuticabas
"um sistema elétrico é acima de tudo um conjunto de relações físicas, econômicas e sociais, que vão se transformando no tempo e no espaço e construindo uma trajetória única e peculiar; portanto, incomparável."

Uma das razões para a criação da CPI da ANEEL foi o fato do Brasil apresentar, segundo um estudo do BNDES, as mais caras tarifas de energia elétrica do mundo.

Comparações internacionais entre tarifas de energia elétrica apresentam um elevado grau de dificuldade para serem realizadas, em grande parte, fruto das próprias características da energia elétrica e dos processos que geram, transportam e utilizam essa forma de energia.

A principal característica do produto eletricidade é que ele é um fluxo não estocável, fruto da existência simultânea de dois processos: geração e utilização. Na essência, a eletricidade é um sistema composto dos processos de geração e utilização, mais o fluxo elétrico que os integra no tempo e no espaço. Quando esses processos não são espacialmente contínuos, esse sistema passa a contar com mais dois processos: a transmissão e a distribuição.

Assim, um sistema elétrico é acima de tudo um conjunto de relações físicas, econômicas e sociais, que vão se transformando no tempo e no espaço e construindo uma trajetória única e peculiar; portanto, incomparável.

Em outras palavras, cada sistema elétrico constitui uma configuração singular de relações físicas, econômicas e institucionais entre um vasto conjunto de processos, agentes econômicos e atores sociais; fortemente marcada pela base de recursos naturais, tecnológicos e político-institucionais específica a cada um desses sistemas.

É claro que existem alguns princípios básicos que servem de referência na estruturação dessa atividade econômica, contudo, a sua aplicação é fortemente marcada pelas dotações natural, tecnológica e institucional peculiares a cada espaço socioeconômico, o que gera, ao fim e ao cabo, a grande heterogeneidade que marca essa atividade.

Mesmo quando contemplamos os princípios que regeram grande parte da indústria elétrica no século vinte, baseados na exploração de economias de escala e escopo, na verticalização da cadeia produtiva e na aplicação do monopólio geográfico regulado, constatamos que a sua aplicação gerou uma grande variedade de soluções que implicaram na construção de uma indústria que, olhada em seu conjunto, apresenta uma grande heterogeneidade.

Quando as reformas liberais passam a ser aplicadas ao setor elétrico na década de noventa, essa heterogeneidade só aumenta; na medida em que àquela variedade já existente no modelo tradicional, se incorpora aquela gerada no próprio processo de implantação do novo modelo.

Dados a crise do padrão tradicional ocorrida nos anos setenta e oitenta e o fracasso da implantação das reformas liberais, pode-se afirmar que hoje você não tem, nem mesmo, um conjunto de princípios básicos que estruturem uma proposta de organização do setor elétrico no mundo que seja incontestável em seus resultados e replicável em sua aplicação.

Nesse sentido, simplesmente comparar internacionalmente custos, tarifas, produtividade, desempenho das empresas, etc., no setor elétrico gera resultados que dependem em muito de um conjunto de considerações ex-ante que precisam ser feitas e que termina, ao fim, definindo o próprio resultado.

Enfim, o setor elétrico é o reino das jabuticabas: tem a jabuticaba inglesa, a norueguesa, a francesa, a americana – na qual cada estado tem a sua -, a chinesa e, obviamente, a brasileira.

Por isso, a melhor coisa a fazer no setor elétrico é conhecer e cuidar da sua jabuticaba. Quanto mais a gente fizer isso, melhor ele fica. Quem não faz isso não entende nem de jabuticaba, nem de setor elétrico.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Energia solar espera por um amanhecer nos EUA

Energia solar espera por um amanhecer nos EUA

Fonte: Valor Econômico

Data: 14/09/2009 14:26

Painéis solares podem não adornar o topo de todos os edifícios, mas governos no mundo inteiro talvez estejam, finalmente, dando ao setor o ímpeto renovado necessário para concretizar o seu potencial.

A despeito das taxas recordes de crescimento nos últimos cinco anos, o alto custo (a energia solar pode ser até quatro vezes mais cara que a geração tradicional de eletricidade a partir de gás) e a crise econômica implicam que o sol não se tornou uma fonte energética estabelecida.

Embora muitas companhias de energia solar fossem lucrativas antes do desaquecimento econômico, favorecidas por subsídios governamentais, o aperto de crédito e a queda na demanda de energia tiveram impacto sobre elas, assim como sobre o restante do setor energético. Isso levou à queda de alguns preços de componentes, o que passou a pressionar as margens de muitos fabricantes de equipamentos.

Alemanha, Japão e Espanha lideram o mercado, principalmente porque seus governos assumiram uma dianteira precursora no incentivo ao desenvolvimento da tecnologia. Por consequência, esse setor é liderado predominantemente por companhias europeias.

A alemã Q-Cells é o maior fabricante mundial de células solares, ao passo que a Abengoa Solar, uma companhia espanhola, construiu, neste ano, a maior torre solar do mundo, disponibilizando eletricidade a 10 mil residências.

Entretanto, a China e os EUA estão envolvidos em um esforço concertado visando compensar o tempo perdido. A China já é a maior produtora mundial de painéis solares, mas exporta 90% dos equipamentos, enquanto muitos observadores no setor acreditam que os EUA suplantarão seus concorrentes em pouco tempo assim que Washington passar a dar maior atenção à questão.

Em âmbito mundial, Jeff Smidt, gerente-geral de operações energéticas mundiais dos Underwriters Laboratories, diz estar crescendo o número de pedidos de selo de aprovação solar à organização responsável por testes e certificação de segurança, particularmente por parte de fabricantes chineses.

“Estamos presenciando um enorme aumento no número de painéis solares submetidos à nossa avaliação”, diz Smidt.

A China está construindo sua primeira usina de eletricidade comercial à base de energia solar, o que despertou a atenção de empresas em todo o mundo, interessadas em disputar os contratos.

Mas os EUA, a partir de seu pacote de estímulo econômico de US$ 787 bilhões – que inclui incentivos e isenções tributárias para projetos com energia limpa no país nos próximos 10 anos -, estão atraindo maior atenção.

“A maioria dos fabricantes em todo o mundo veem os EUA como “a bola da vez” no setor solar”, diz Smidt.

Recente relatório da Pike Research, grupo de pesquisas sobre tecnologia limpa, diz que em torno de 2014 os EUA poderão estar na liderança da indústria solar. O país é, atualmente, o quarto maior no setor, atrás da Alemanha, Espanha e Japão.

Antecipando-se a um possível boom nos EUA, uma série de empresas instalaram-se no país nos últimos doze meses.

A SolarWorld, um grupo alemão, investiu US$ 500 milhões em uma indústria alimentada a energia solar no Oregon. A companhia combina todos os estágios da cadeia de agregação de valor fotovoltaica solar, da matéria-prima silício a usinas de energia elétrica solar.

A Fotowatio, uma das maiores produtoras independentes de energia solar da Espanha, negociou a compra de importantes operações solares americanas, entre elas a maior instalação fotovoltaica solar nos EUA (na Base Nellis, da Força Aérea) da californiana MMA Renewable Ventures.

E a japonesa Itochu adquiriu 85% das ações da SolarNet, uma integradora de sistemas fotovoltaicos solares.

O conceito de painéis solares foi desenvolvido em 1861 por Auguste Mouchout, que inventou o primeiro motor solar. Em 1953, a Bell Laboratories (hoje AT&T) criou a primeira célula solar de silício capaz de gerar uma corrente elétrica, despertando grandes expectativas. O embargo do petróleo na década de 70 deflagrou intenso interesse nessa fonte alternativa de energia.

Energia solar é atualmente usada em diversas maneiras. Unidades fotovoltaicas convertem luz solar em eletricidade; componentes térmicos solares absorvem a energia do sol e geram calor a baixa temperatura, produzindo água quente ou aquecimento de ambientes; e concentradores de energia solar usam materiais refletivos em sistemas do porte de usinas, concentrando o calor do sol para aquecer um líquido sintético que esquenta água para acionar turbinas a vapor e produzir eletricidade.

Além disso, elementos solares passivos são empregados por arquitetos para redirecionar a luz solar e melhorar a iluminação em edifícios. Isso algumas vezes envolve técnicas de construção empregando materiais especiais que absorvem o calor do sol para liberação posterior e aquecimento durante noites mais frias.

Uma legislação apropriada é a maneira certeira de incrementar o uso de energia solar, afirma Branko Terzic, diretor de políticas regulatórias de energia e recursos naturais na Deloitte, uma firma de consultoria. Ele cita como exemplo a Alemanha, que, entre outros países, ampliou seu mercado solar ao exigir que as companhias de eletricidade comprem toda a energia solar disponibilizada a preços elevados fixados pelo governo.

O preço da energia solar é fixado em nível suficientemente alto e os prazos de validade dos contratos de venda da energia são suficientemente longos para permitir que as operadoras financiem projetos e obtenham níveis de lucratividade atraentes.

Entretanto, Smidt preocupa-se com o fato de que os consumidores poderão não permanecer tão sensíveis às questões ambientais à medida que o custo elevado de energias renováveis (as modalidades solar e eólica respondem, cada uma, por cerca de 1% da energia gerada nos EUA) começar a aparecer em suas constas de eletricidade.

“Só testaremos definitivamente nossa vontade política para aceitar preços relativamente altos para a energia quando as modalidades renováveis se tornarem um componente considerável da cesta energética”, diz Neal Schmale, presidente e principal executivo da Sempra Energy, uma geradora de eletricidade.

A Sempra iniciou recentemente seu primeiro projeto de geração de energia solar em Nevada, ao instalar mais de 167 mil módulos solares em 32 hectares de deserto, para gerar eletricidade suficiente para suprir cerca de 6,4 mil residências. A totalidade da produção, de 10MW, foi contratada nos termos de um contrato de venda de energia, por 20 anos, com a Pacific Gas and Electric, companhia de eletricidade do norte da Califórnia.

A demanda das companhias de eletricidade por fontes renováveis está crescendo, porque elas precisam cumprir padrões estaduais (e, no futuro, possivelmente federais, segundo esperam muitos analistas) referentes a eletricidade de fonte renovável, que exigem que um percentual da geração de energia seja originada de fontes renováveis.

Mark Pinto, executivo principal de tecnologia na Applied Materials, fabricante de tecnologias solar e de semicondutores, diz que parte da migração para o aproveitamento solar depende de uma mudança de mentalidade, de convencer as companhias de eletricidade que duvidavam do emprego generalizado desse tipo de tecnologia a ver que elas serão construídas e utilizadas.

"Nós estamos vendendo energia de fonte solar como loucos em Houston”, afirmou John Berger, executivo-chefe da Standard Renewable Energy. Em vista da longa história do petróleo e do gás na capital energética do mundo, a afirmação é digna de nota.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Contas públicas, por Pedro Paulo Bramont

As notícias relativas às contas públicas nacionais são preocupantes, em especial a dívida pública interna.

O superávit primário está bem abaixo do previsto - assim, em vez da dívida pública interna se estabilizar, ela aumenta.

Esse fato passa uma imagem ruim para os investidores - tanto internos como externos.

E isso pode prejudicar seriamente a rolagem da dívida pública interna.

Outra conta que não anda bem é a relativa à Previdência: a população envelhecendo e a longevidade aumentando, o rombo do INSS segue aumentando!

Greenpeace Black Pixel Project

Atualmente qualquer iniciativa para minimizar o impacto das emissões de CO2 é válida.
No Black Pixel Project, o esforço tem o tamanho de alguns pixels.
Ao instalar um pequeno quadrado negro no monitor*, as pessoas estarão economizando energia. E essa energia, somada a energia dos Black Pixels de outras pessoas pode fazer uma grande diferença.
* Este projeto é válido para monitores de tubo ou plasma.

Os custos da energia eólica brasileira

Não se pode ignorar o eventual impacto que a contratação de grandes montantes pode ocasionar no nível tarifário brasileiro, conflitante com a modicidade tarifária

Fonte: http://www.canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Entrevistas.asp?id=73924

Guilherme de A. Dantas e André Luis da Silva Leite, do Gesel-UFRJ, Artigos e Entrevistas
25/09/2009

Os benefícios da inserção da energia eólica para a segurança da matriz elétrica brasileira, devido à sua complementariedade com o regime hídrico, e para a manutenção do caráter limpo e renovável da matriz brasileira são indiscutíveis. Contudo, não se pode ignorar nesta análise o eventual impacto que a contratação de grandes montantes de energia eólica pode ocasionar no nível tarifário brasileiro, o que é conflitante com a necessidade de modicidade tarifária.

A questão que se coloca é porque a energia eólica ainda é tão cara no Brasil, tendo em vista que esta fonte de energia já é competitiva em outros países. No Brasil, os empreendedores alegam que a tarifa viabilizadora da energia eólica seria de R$ 0,21 por KWh, equivalendo a uma tarifa de US$ 0,10, com base na taxa de câmbio média de R$ 2,03 verificada nos últimos 48 meses. Esta tarifa é superior a tarifa de R$ 0,15 exigida pelas usinas de biomassa, por exemplo. Porém, o relevante a ser analisado é que em muitos países a energia eólica já é viável com uma tarifa de US$ 0,04. Neste sentido, um dos grandes benefícios do leilão de energia eólica será indicar qual é o real custo da geração eólica no Brasil porque será o primeiro instrumento de contratação competitivo de grande porte a ser realizado no Brasil. Entretanto, embora seja discutível o custo da energia eólica no Brasil, é bastante plausível a hipótese que a mesma possui um custo superior aquele verificado em outros países.

Especificamente, o maior custo da energia eólica no Brasil pode ser atribuído aos maiores custos logísticos de implementação dos projetos, como por exemplo à precariedade das estradas nordestinas, região onde se encontra o maior portencial eólico no país, e ao número restrito de ofertantes nacionais de aerogeradores associado às restrições de importação destes equipamentos. Os custos relacionados à logística do país fogem do escopo analítico deste texto por estarem relacionados a questões estruturais do país e devem ser encarados como uma condição de base. Porém, se faz necessária uma análise mais detalhada dos custos dos bens de capital.

A indústria de aerogeradores mundial está organizada sob a forma de oligopólio com os 4 maiores fabricantes (Vestas, GE Wind, Gamesa e Enercon) possuindo um market sharede aproximadamente 70%. Embora concentração de mercado não signifique necessariamente poder de mercado porque existem mercados que são contestáveis, no caso da indústria de aerogeradores estas firmas, de fato, possuem poder de mercado porque não existe contestabilidade devido a existências de barreiras à entrada referentes a escala de produção e ao caráter de constante inovações tecnológicas da indústria que resultam em vantagens absolutas de custo e diferenciação de produto das firmas estabelecidas. Neste sentido, é vital que haja incentivos à concorrência para que as firmas estabelecidas não cobrem preços acima dos preços competitivos.

No Brasil, a oferta de turbinas eólicas se restringe a duas firmas que possuem vantagens competitivas adicionais: imposto de 14% sobre a importação de aerogeradores, apenas aerogeradores com potência superior a 1,5 MW podem ser importados e o fato do BNDES só conceder financiamento a fabricantes nacionais. Portanto, estas duas firmas possuem condições de cobrarem preços bastante acima daqueles que seriam competitivos porque o mercado apresenta significativas barreiras à entrada.

Entretanto, não se pode ignorar o aspecto estratégico do bem energia elétrica e a necessidade de se desenvolver a indústria de bens de capital que fornece os equipamentos necessários para uma fonte de geração de energia tão promissora como a geração eólica. Logo, embora reserva de mercado seja uma prática condenável, a garantia da competitividade dos fabricantes que estabeleceram fábricas no território nacional é uma decisão correta. A questão que se coloca é a forma pela qual deve se garantir a competitividade dos fabricantes nacionais, em um país em vias de desenvolvimento, que necessita do suprimento de energia elétrica a preços competitivos, uma política de desoneração tributária sobre a cadeia produtiva de aerogeradores nacionais garantiria uma concorrência onde o preço de equilíbrio seria mais condizente com a modicidade tarifária que o estabelecimento de impostos sobre a importação com o intuito de garantir a competitividade do competidor nacional.

A desoneração tributária da cadeia produtiva também seria um mecanismo de atração de outros fabricantes de turbinas eólicas. Além disso, com o intuito de fomentar a concorrência e criar condições de contestabilidade na indústria de aerogeradores , devem ser formatadas políticas públicas de concessão de crédito a projetos inovadores porque o crédito é capaz de transformar a inovação tecnológica de barreira à entrada em mola propulsora de mudanças na estrutura de uma indústria ou até mesmo sua extinção, em uma visão schumpeteriana.

De fato, o incentivo governamental é a forma mais adequada e eficiente para aumento da inserção da energia eólica, e de outras novas renováveis, na matriz elétrica brasileira. Em verdade, ao contrário da agenda neoliberal da década de 1990, a agenda atual é direcionada pelo aumento da participação das fontes de energias renováveis na matriz energética. E este aumento é condicionado por maior participação do Estado na definição dos rumos do setor energético como um todo. Neste sentido, uma complexa rede de subsídios, programas e políticas encontra-se em curso.

A União Europeia (UE), por exemplo, a partir da constatação de uma crescente dependência de insumos energéticos importados de fora da UE, tem metas explícitas de aumento da participação de fontes renováveis de energia na sua matriz energética. Castro e Leite (2009) mostram que uma alternativa pragmática para minimizar o problema da dependência de insumos importados e cumprir as metas do protocolo de Kyoto é aumentar o parque eólico. A potência instalada das usinas eólicas no mundo, que era de reduzidos 6,1 GW em 1996, atingiu o expressivo montante de 120,798 GW ao fim do ano de 2008. Países como Alemanha, Espanha e Dinamarca já dispõem de expressivo parque eólico. Em comum, o fato do incremento de energia eólica nestes países ser fruto de políticas de promoção de fontes alternativas de energia.

Como mostra o estudo CEPs (2008), há forte tendência de crescimento das fontes renováveis no setor elétrico europeu. O estudo mostra que o setor elétrico europeu é responsável por 1/3 das emissões de européias de gás carbônico. Logo, o aumento das fontes renováveis desempenhará um papel importante nas metas ambientais do continente.

Fica claro, porém, que este novo direcionamento, visando menor dependência energética e mais fontes limpas, não se dará via mercado meramente. É fundamental o estabelecimento de políticas e regulamentos que incentivem tais investimentos. Ou seja, pode-se avaliar que há suficiente percepção de que o mercado, per se, não é suficiente para indicar os rumos da expansão, principalmente se esta se dá em direção ao aumento da participação das fontes de energia renováveis, usualmente mais caras.

Assim como na UE, nos Estados Unidos também observa-se forte tendência ao uso de fontes renováveis de eletricidade. Desta forma, nos EUA também se observa forte tendência de aumento da coordenação política. No caso americano, onde desenha-se, de acordo com o plano de energia do Presidente Barack Obama, um crescimento da participação das fontes renováveis para 10% do total até 2012 e 25% até 2025, a participação governamental, via financiamentos e/ou subsídios, configurará elemento primordial dos investimentos no setor.

Por fim, é por meio de política energética que se dá o planejamento do setor elétrico. E, neste contexto, a política energética tem a possibilidade de, por meio de políticas públicas, reduzir os custos de energia eólica, especialmente os custos de capital. Portanto, é importante que haja esforço governamental que crie, incentive e dê suporte ao mercado de energia eólica. Ou como coloca Komor (2004), a energia eólica já está tecnologicamente bastante avançada, o que se necessita são ações que a coloquem no mercado de forma competitiva.

[1] Página de Barack Obama na internet, em 12 de novembro de 2008 - acesse aqui.

Guilherme de A. Dantas é doutorando do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ e pesquisador-sênior do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

André Luis da Silva Leite é pós-doutor pelo IE/UFRJ, Professor da Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina - e pesquisador-sênior do GESEL/IE/UFRJ.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Porque as tarifas são altas no Brasil

Em artigo publicado na revista Carta Capital, Luiz Antonio Cintra aborda a questão do preço da tarifa da energia elétrica praticada atualmente no Brasil. O artigo levanta a questão: "como o Brasil possui um dos menores custos de produção de energia elétrica do mundo e ao mesmo tempo o consumidor brasileiro paga uma das tarifas mais caras do mundo". Para ler o texto na íntegra, clique aqui. (GESEL-IE-UFRJ - 22.09.2009)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

GESEL: bioeletricidade não é valorizada como deveria


O uso da bioeletricidade no Brasil não tem tido a valorização devida quando se avalia sua contribuição em termos de energia adicional ao sistema elétrico. Esta é a percepção de pesquisadores do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, que na terça-feira (15/09) se reuniram na Usina da Pedra, em Serrana (SP), em um evento do Grupo de Bioeletricidade da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (GTBio). "Esta situação prejudica a competitividade da bioeletricidade nos leilões quando comparada às determinadas fontes termelétricas de geração", avalia Roberto Brandão, pesquisador da UFRJ. Ao lado de Guilherme Dantas, também do Gesel, eles deram uma palestra sobre a atual metodologia de determinação da oferta da bioeletricidade nos leilões de compra de energia de novos empreendimentos, promovidos pela Aneel, sob diretrizes do Ministério de Minas e Energia. Zilmar Souza, assessor em Bioeletricidade da UNICA e coordenador do GTBio, avalia que é preciso repensar a atual metodologia de precificação nos leilões regulados, procurando-se considerar adequadamente nos leilões o benefício que essa fonte gera ao sistema em termos de segurança energética, por sua produção ser regular e complementar à fonte hídrica. (UNICA - 16.09.2009)


Leilão Eólica

O primeiro leilão exclusivo para a energia eólica do país, que acontece no dia 25 de novembro, terá um evento exclusivo para que investidores possam debater questões exclusivas do certame. Formação de preços, regras e regulação, financiamento, e aquisição de equipamentos serão alguns dos temas debatidos no II Fórum ABEEólica - CanalEnergia: Competitividade e Formação de Preços para o Leilão de Eólica, que acontece no dia 16 de outubro, no Rio de Janeiro. Um dos destaques do Fórum é a "Rodada de Reuniões", com espaços disponíveis para reuniões entre empresas, consultores, fabricantes e envolvidos no certame. O leilão de eólicas tem 441 projetos cadastrados, com capacidade instalada de 13.341 MW, segundo a EPE. O evento tem prevista a participação do presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, dos superintendentes do BNDES e BNB, Nelson Siffert e Fernando Passos, do coordenador do Gesel/UFRJ, Nivalde de Castro, do presidente da PSR, Mario Veiga, entre outros. (Canal Energia - 17.09.2009)


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Economia para um planeta super povoado

Recomendo o novo livro de Jeffrey Sachs, professor de economia e Diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia: Common Wealth: economics for a crowded planet. Neste livro, o autor coloca a necessidade de mudarmos nossa mentalidade no sentido de enfrentarmos os principais problemas do mundo, tais como poluição, aquecimento global, pobreza e fome, doenças, entre outros.
O autor afirma que:
- A pressão da atividade humana nos eco-sistemas têm causado danos ao clima e, caso não sejam mitigados, provocarão a extinção de várias espécies e dificultarão a vida no planeta;
- O crescimento da população tem ocorrido principalmente em países onde há pouca capacidade de absorver, com dignas condições humanas, essa nova população;

Para resolver tais problemas, o autor propõe:
- Estabilização da população mundial em no máximo 8 bilhões de pessoas até 2050;
- Aumento do uso de fontes alternativas renováveis de energia;
- O fim da pobreza até 2025 e aumento da securidade social nos países ricos;
- Maior participação dos governos e ONGs na sociedade.

Parece utópico, porém ao ler o livro fica claro que há um raciocínio consistente e maduro, que permite ao autor apresentar os desafios que a humanidade tem pela frente e propor soluções maduras. Em suma, propõe o autor que haja uma mudança no comportamento político, privilegiando a cooperação e não a competição entre países. Mostra claramente que é possível utilizar as pesquisas para minimizar o problema da fome no mundo e maximizar a participação das fontes de energias renováveis na matriz energética mundial.

Por fim, me lembra aquela música do Pink Floyd, que termina com a seguinte frase: "Together we stand, divided we fall.

O mercado de trabalho, por Pedro Paulo Bramont

Mercado de trabalho!
O mercado de trabalho está cada vez mais exigente por um lado e oferecendo menos, por outro. Já vinha assim antes da crise e agora está mais perverso!

Com muita oferta de mão-de-obra, as empresas ficam numa situação confortável, pois há um "banco de trabalhadores" lá fora sem emprego, querendo trabalhar.

E quem está trabalhando fica numa pressão enorme, à mercê do patrão: ambos sabem que lá fora há um monte de gente querendo - e disposta a - trabalhar com até menos regalias do que os que estão trabalhando.