quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Copenhague e o setor de energia renováveis

A conferência de Copenhague - COP 15, como ficou conhecida - tornou-se um fracasso retumbante segundo a análise de muitos especialistas. No caso do setor de energia elétrica, isso se confirmou. O setor elétrico, na maioria dos países, é o maior responsável pela emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global (CO2, metano, óxido nitroso e clorofluorcarbono). Da eletricidade consumida atualmente no planeta, apenas 7% é gerada a partir de fontes renováveis. Ainda é muito pouco se quisermos salvar o planeta. No caso do Brasil, aproximadamente, 75% da eletricidade é proveniente de fontes renováveis, dada a forte predominância da hidroeletricidade na nossa matriz elétrica. Porém, o planeta é de todos.

Aproximadamente 60% da eletricidade do planeta advém do carvão utilizado nas termelétricas. A queima deste combustível inunda a atmosfera com CO2. E a tendência é o aumento da utilização deste insumo. Na China, por exemplo, que detém as maiores reservas de carvão do planeta, constroem-se 2 novas termelétricas por semana, em média.

Nos EUA, embora o discurso do presidente Obama seja direcionado a maiores investimentos em energias renováveis, a tendência é similar à chinesa. Ou seja, aumento da participação do carvão na matriz elétrica.

Esta tendência justifica-se pelos custos de se obter eletricidade a partir de fontes renováveis. Ainda, dado o elevado volume de eletricidade necessário para manter a produção e a qualidade de vida atuais, a escala de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis ainda não levou a reduções de custos significativas. Por exemplo, 1 MWh obtido a partir de carvão custa metade do obtido a partir de uma usina solar. Claro que com o tempo a tendência á redução desta diferença.

Mas, é justamente isso que explica, dentre outros fatores, o fracasso da COP15. País algum quer reduzir sua tendência de crescimento econômico e ainda não há fontes renováveis suficientes para atender à demanda crescente, especialmente num período pós-crise. Ou seja, ainda é muito caro trocar a matriz elétrica da maior parte dos países. Porém, isso só acontecerá a partir de esforços governamentais conjuntos. Nesse caso, a cooperação internacional é essencial para o planeta. Talvez seja o momento de trocar um pouco de crescimento econômico por um planeta mais limpo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Artigo de Vinícius Freire: "O leilão de vento deu certo"

A energia dos ventos deixou ontem de ser um exotismo marginal na produção de eletricidade no Brasil. O governo contratou em leilão projetos de usinas eólicas com capacidade de gerar 1.805 MW. A energia estará disponível a partir de 2012. Hoje, todas as usinas de eletricidade movidas a vento no país são capazes de produzir cerca de 600 MW. Para começar pelas boas notícias, o preço médio da energia do leilão foi muito competitivo, R$ 148,39 por MWh. Em artigo publicado na Folha de São Paulo, Vinícius Freire argumenta que, apesar de racional e simpático, a adesão aos ventos tem problemas. "Há grande potencial de energia eólica em locais remotos do NE, isolados das redes de transmissão. Custa caro fazer rede de transmissão. (...) Faltam engenheiros e técnicos especializados". Segundo ele, há ainda gente no governo de má vontade com o projeto de eólicas, pois a produção de energia pelos ventos é instável e não pode ser estocada. Mas o pessoal da EPE argumenta que, no caso brasileiro, as eólicas têm um papel complementar importante: venta mais quando chove menos. Para ler o texto na íntegra, clique aqui. (GESEL-IE-UFRJ - 15.12.2009)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Para refletir

"Creio que pelo menos alguns economistas que dominam brilhantemente as 'modelagens' matemáticas (se forem um pouco menos cínicos do que o prêmio Nobel Robert Lucas) devem repetir para si mesmos a pergunta que a rainha Elizabeth II fez aos professores da famosa London School of Economics em novembro de 2008: 'Como foi possível que, depois de mais de um século de estudos, os senhores foram incapazes de prever a crise que colocou em risco a economia mundial?' O fracasso da macroeconomia em matéria de 'previsão' é fato passado em julgado. E (com razão ou não) muitos acadêmicos garantem que 'prever' não é obrigação dos economistas e não é a finalidade da teoria econômica 'científica', o que não parece fora de propósito. O fato curioso é que eles mesmos, quando assumem o papel de 'analistas' no mercado financeiro (a serviço de bancos, fundos e 'tutti quanti'), não fazem outra coisa a não ser 'prever', para induzir 'cientificamente' os compradores de seus papéis. Aquela atitude defensiva, entretanto, não poupa a teoria econômica. De um 'cientifismo equivocado' que lhe deu imensa visibilidade e prestígio, há pouco mais de uma década, ela hoje é vista com desconfiança, quando não desmoralizada." (Antonio Delfim Netto. "Para Salvar a Teoria Econômica". Valor Econômico, 1º/12/2009)

Do blog: http://antitruste.blogspot.com/2009/12/modelagens.html. "Algumas coisas, quando ditas com clareza e simplicidade, são avassaladoras. Ainda mais se ditas por pessoas ilustres, como Delfim Netto (e a Rainha Elizabeth, of course)".