domingo, 31 de janeiro de 2010

Megaempresa do setor elétrico

Da Folha de SP, de 31/01/2009.

Mostra a tendência à formação de grandes grupos no setor elétrico. Corroborando a ideia que a competição já não é mais o objetivo central do modelo do setor.

"Superelétrica" terá mais de um terço do mercado brasileiro

Com apoio do Planalto, Camargo Corrêa pretende comprar o controle da Eletropaulo, da AES Sul e da Neoenergia

Governo atua para formar grandes empresas de capital nacional, tendo o BNDES como o principal financiador dessas operações no país

LEONARDO SOUZA
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A empreiteira Camargo Corrêa recebeu o aval do Palácio do Planalto para constituir uma superelétrica na área de distribuição de energia.
A construtora assumiu no ano passado o comando da CPFL e conta agora com o apoio do governo para comprar o controle da Eletropaulo e da AES Sul, além de adquirir da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) e do BB a sua participação no grupo Neoenergia.
Se concretizadas as duas operações, a empreiteira terá nas mãos uma gigante que abastecerá mais de um terço do mercado nacional, incluindo praticamente todo o Estado de São Paulo -o mais rico do país- e três Estados do Nordeste, região atualmente com o maior potencial de crescimento.
Segundo pessoas próximas às transações ouvidas pela Folha, o presidente da Previ, Sérgio Rosa, abriu negociação com a Camargo Corrêa por interferência direta do Planalto.
Como a Previ possui participação relevante tanto na CPFL (31% das ações ordinárias, sendo 23% delas ligadas ao bloco de controle) quanto na Neoenergia (49% do capital total), há conflito de interesses.
Hoje os representantes da Previ precisam sair das salas de decisões da CPFL quando são discutidos detalhes sobre as negociações em curso para aquisições de outras distribuidoras de energia.
A fusão com a CPFL resolveria o conflito, porém a Previ passaria a ser minoritária na nova empresa, perdendo a gestão da Neoenergia. Marcelo Corrêa, atual presidente do grupo, é indicação do fundo de pensão do BB.

Grupos nacionais
Não é a primeira vez que o governo atua para formar grandes empresas de capital nacional, tendo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como o principal financiador dessas operações.
Entre 2008 e 2009, o banco estatal injetou quase R$ 7 bilhões para viabilizar a incorporação da Brasil Telecom pela Oi. Em 2007, o BNDES comprou cerca de R$ 4 bilhões em ações (a valores de 2009) dos frigoríficos JBS e Bertin, o que possibilitou a fusão dos dois grupos no ano passado.
No caso da BrT-Oi, o presidente Lula ainda teve que editar um decreto sob medida para permitir a união das duas empresas.
O setor elétrico está na esfera de influência direta da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), candidata à sucessão presidencial. Ela comandou a pasta de Minas e Energia no primeiro mandato do presidente Lula. Todos os grandes temas da área passam por sua mesa.

Concentração
A formação da superelétrica não enfrentará impedimento legal. Em 2008, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) derrubou a última barreira regulatória contra concentrações no setor. A operação, contudo, teria de passar também pelos órgãos brasileiros de defesa da concorrência.
Até então, a legislação limitava a participação dos investidores nas concessionárias da seguinte forma: até 20% no mercado nacional e até 25% nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Norte e no Nordeste a limitação era de 35%.
Segundo Jerson Kelmann, ex-diretor-geral da Aneel, a resolução 299, de 8 de janeiro daquele ano, extinguiu os tetos existentes.
As negociações para a fusão com a Neoenergia estão bem avançadas. O outro sócio da empresa, a espanhola Iberdrola, sofreu bastante com a crise financeira internacional e está bastante descapitalizado. Assim, dificilmente teria condições e interesse em comprar as participações da Previ e do Banco do Brasil.
No caso da Eletropaulo e da AES Sul, entretanto, a Camargo Corrêa ainda precisa superar alguns obstáculos.
As duas distribuidoras estão sob o guarda-chuva da empresa AES Brasiliana, que existe só no papel. O BNDES tem 53,85% dessa empresa, mas a operação das duas concessionárias (e também da geradora AES Tietê) é da americana AES.
Para vender sua participação na Brasiliana, o BNDES contratou o Citibank para elaborar a modelagem da operação. Pela legislação atual, o BNDES não pode negociar diretamente com nenhuma companhia interessada. A oferta das ações tem que ser feita em leilão.
Além disso, a AES tem direito de preferência na parte do banco e, neste momento, está capitalizada -a matriz recebeu uma injeção de US$ 2 bilhões do fundo soberano chinês, que adquiriu 15% da AES Corp.
Com o apoio do governo, contudo, a Camargo Corrêa espera entrar num acordo com os norte-americanos para que eles aceitem ceder o controle das duas distribuidoras. No passado, a AES chegou a anunciar que tinha a intenção de sair do país. Mas agora o discurso da empresa é o de permanecer ou mesmo de aumentar a sua presença no Brasil.
O interesse da Camargo se concentra na distribuição. No caso de uma união entre CPFL, Eletropaulo e Neoenergia, a maior sinergia estaria na ligação entre as duas primeiras, principalmente devido à proximidade geográfica, o que facilitaria o deslocamento de equipes para a manutenção das redes, por exemplo.
A CPFL está presente na grande maioria dos municípios do interior paulista. Já a Eletropaulo congrega a região metropolitana.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Energia eólica impulsiona o mercado interno nos EUA

Eis um exemplo interessante para o caso brasileiro:


Apesar da recessão e da situação ruim do mercado de crédito, a indústria da energia eólica americana cresceu rapidamente em 2009, acrescentando 39% a sua capacidade. O país está perto de obter 2% de sua eletricidade através de turbinas de vento

Ainda que esse seja um número pequeno, ele representa um aumento em relação a sua representação quase nula há alguns anos. O crescimento contínuo nesse ritmo pode ajudar a nação a diminuir suas emissões de gases causadores do efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global.

A Associação Americana de Energia Eólica, em seu relatório anual que será divulgado nessa terça-feira, afirmou que o aumento da sua capacidade em 9.900 megawatts, foi a maior a ser registrada, e esteve 18% acima da capacidade acrescentada em 2008, outro ano de crescimento.

Mas o grupo alertou que o crescimento pode desacelerar. Grande parte do crescimento de 2009 veio de 2008, conforme turbinas compradas naquele ano foram entregues e concluídas. Em 2009, a recessão deixou muitos fabricantes parados, o que pode causar uma desaceleração das instalações daqui para frente.

A mesma quantidade de capacidade de geração de energia veio do vento e do gás natural no ano passado, disse Denise Bode, chefe executiva da associação.

Juntos, a energia eólica e os projetos envolvendo gás natural representaram cerca de 80% de toda a capacidade de geração de energia do país.

Mesmo assim, a indústria americana está atrás da europeia, que obtém cerca de 5% de sua eletricidade do vento. A Comissão Europeia determinou que 20% de sua produção de energia elétrica virão de fonte eólica até 2020.

Preocupações com o aquecimento global aumentaram o interesse em fontes de energia renováveis nos Estados Unidos e provocaram a criação de uma indústria doméstica que emprega 85 mil pessoas.

Hoje, cerca de metade dos componentes usados nas fazendas eólicas é feita nos Estados Unidos, em comparação com 25% em 2004, afirmou o grupo comercial.

As turbinas de vento do país geram eletricidade suficiente para alimentar o equivalente a 9.7 milhões de lares, de acordo com o relatório.

No ano passado, o estado do Texas consolidou sua liderança como o principal produtor de vento do país, com uma capacidade total de 9.410 megawatts, cerca de três vezes mais do que o segundo maior produtor, o estado de Iowa. Atrás estão Califórnia, Washington e Minnesota.

http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york_times/2010/01/26/crescimento+de+energia+eolica+americana+impulsiona+mercado+interno+9376643.html

sábado, 23 de janeiro de 2010

III Seminário Mercados de Eletricidade e Gás Natural " Investimento,Risco e regulação"

O evento, que conta com o apoio do GESEL/UFRJ, será realizado nos dias 11 e 12 de fevereiro na faculdade de Economia do Porto - Portugal. Para acessar o site, clique no link abaixo:

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Richard Branson e a Conservation International

Neste vídeo, o empresário Richard Branson discute a necessidade imediata de ação global contra a mudança climática para assegurar um futuro próspero. www.conservationinternational. org Vale a pena assistir e colaborar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Artigo do prof. Antonio Dias Leite

LEITE, Antônio Dias. “Energia Elétrica no Brasil nos próximos 20 anos”. Valor Econômico. São Paulo, 21 de dezembro de 2010.

Nesse artigo ao Valor Econômico, Antônio Dias Leite revela sua indignação frente ao fato de que o país esteja indo na contramão de sua própria história ao construir mais termelétricas a combustível fóssil, chamando atenção para as contradições da Constituição brasileira no que se refere ao meio ambiente. Para ler o texto na íntegra, clique aqui

Artigo

Neste artigo, publicado no livro Energy Policy: economic effects, security aspects and environmental issues, o prof. Nivalde (GESEL/IE/UFRJ) e eu mostramos os desafios da Aneel no setor elétrico brasileiro. Além de esclareceremos que, devido ao arranjo físico do setor, a coordenação é de maior relevência que a competição, esclarecem como as transações agregadas são mais eficientes do que seriam transações em empresas veticalizadas. Dessa forma, concluimos que as estratégias das firmas do setor sejam estruturadas em forma de holding e a necessidade de que a Aneel se mantenha forte para se posicionar contra o abuso de poder de mercado por parte dessas companhias. Para ler o texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Brasil pode ter agência reguladora destinada às energias renováveis

O Brasil pode contar com mais uma agência reguladora, destinada para as energias renováveis. O Projeto de Lei do Senado (PLS) 495/2009, em tramitação desde novembro, cria a Agência Nacional de Energias Renováveis (Aner), com o objetivo de coordenar o processo de transição do uso intensivo de energias não renováveis para as fontes alternativas. O PLS é de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). O texto está em tramitação na Comissão de Infraestrutura, onde aguarda o parecer do relator, o senador Delcídio Amaral (PT-MS). A proposta de Crivella não recebeu emendas e estabelece que a agência será vinculada à Casa Civil, com sede e foro em Brasília, caso seja aprovada. O órgão, segundo Crivella, teria atuação nos moldes da Agência Internacional de Energias Renováveis. Para ler o Projeto de Lei na íntegra, clique aqui. (CanalEnergia - 08.01.2010)


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sujando a matriz elétrica brasileira

- BNDES eleva crédito a energia poluente

Na contramão das medidas propagandeadas pelo governo brasileiro para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, o BNDES voltou, em 2009, a financiar usinas "sujas", movidas a gás natural, óleo e carvão. Somente neste ano, segundo levantamento feito pela Folha, a aprovação de financiamento para usinas térmicas foi de R$ 2,6 bilhões, cerca de 58% dos investimentos totais dos projetos, que atingem R$ 4,45 bilhões. O banco informa que R$ 811 milhões para termelétricas já foram desembolsados. Desde 2003, aproximadamente R$ 3,6 bilhões foram contratados, sendo liberados R$ 2,45 bilhões. Os repasses anteriores haviam sido feitos em 2003 e em 2004, ainda como consequência do apagão elétrico de 2001. Nos anos seguintes, as usinas "sujas" não receberam dinheiro do banco de fomento, mas voltaram neste ano a captar os recursos.A assessoria do banco informou que entre 2003 e 2009 o BNDES financiou R$ 41,8 milhões em projetos de geração de energia, sendo que 9% do total foi para termelétricas. "O sistema energético brasileiro precisa contar com termelétricas por questões de segurança de suprimento. Ou seja, para mitigar os riscos de falta de energia em períodos de seca", disse a assessoria. (Folha de São Paulo - 20.12.2009)


- Falta de projetos criou mercado para termelétrica

A falta de projetos hidrelétrico nos leilões de oferta de energia nova no Brasil criou um mercado gigantesco para as termelétricas, que geram energia a partir de gás natural, óleo combustível, óleo diesel e até carvão mineral. O aumento da oferta de crédito para as térmicas ocorre na esteira dessa situação do setor no país. O atual modelo do setor elétrico brasileiro trabalha com a perspectiva de iniciar a contratação de energia cinco anos antes do início do fornecimento. O conjunto das distribuidoras projeta as demandas e vai aos leilões para contratar a oferta. O modelo é eficiente ao dar previsibilidade à carga que terá de ser atendida no futuro, mas torna transparente também o rumo da matriz energética brasileira -hoje migrando de uma base hidráulica (considerada mais limpa) para as térmicas (apontada como mais suja do ponto de vista ambiental). Só com essa primeira etapa concluída, o governo fará o leilão do projeto. Embora tenha feito grande pressão sobre a área ambiental, o MME teve que adiar o leilão do empreendimento para 2010. Se, por um lado, Belo Monte representa um risco ambiental para a região amazônica, por outro, também pode ajudar -se for licenciada- a reduzir a quantidade de projetos termelétricos a gás natural que são habilitados a participar dos leilões. (Folha de São Paulo - 19.12.2009)


domingo, 3 de janeiro de 2010

Economista diz que só taxa sobre CO2 tornará energias renováveis competitivas


Viena, 6 dez (EFE).- Apenas um imposto especial sobre os combustíveis fósseis e o dióxido de carbono (CO2) permitirá que as energias renováveis se tornem plenamente competitivas e ocupem um lugar mais importante na combinação energética para frear a mudança climática.

A opinião é do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), o leonês Kandeh Yumkella, que falou à Agência Efe às vésperas da cúpula sobre a mudança climática, que começa esta semana em Copenhague (Dinamarca).

"Devemos começar a aplicar medidas contra a mudança climática agora se quisermos solucionar este problema antes de 2030", disse o economista na sede da Onudi, em Viena.

"Não podemos esperar. A indústria precisa de tempo para se adaptar. Se esperarmos agora, teremos de responder a uma crise", acrescentou.

Segundo Yumkella, o custo das energias renováveis, como a eólica ou a solar, continua sendo muito elevado em comparação com a geração de energia a partir do carvão e dos combustíveis fósseis.

"Precisamos continuar com as atividades de pesquisa e desenvolvimento para reduzir os custos e podermos competir com o petróleo e o carvão", destacou.

O leonês lembrou que alguns países, como a Noruega, aplicam impostos sobre o CO2 como uma compensação à poluição.

"Lá, a indústria se adaptou imediatamente e começou a pesquisar formas de captar o dióxido de carbono", disse Yumkella.

As energias renováveis "são apenas uma solução de longo prazo, já que, até 2050, o mundo provavelmente continuará dependendo do petróleo e do carvão", acrescentou.

"Por isso, a captação e o depósito de carbono é tão importante. As ONGs não gostam (dessa solução) porque ela tira o foco da redução das emissões de gases poluentes. Mas o essencial é que precisamos de combustíveis e tecnologias de transição", disse Yumkella.

Segundo o diretor-geral da Onudi, os líderes em pesquisas sobre as energias renováveis são a China e a União Europeia (UE), que, ao contrário dos Estados Unidos, "dispõem de uma clara política pública para fomentar e criar um mercado para essas tecnologias".

"Conheço banqueiros que investem em energias renováveis devido à clareza dos objetivos da UE", afirmou Yumkella, que também dirige um fórum interdisciplinar da ONU relacionado a energia e desenvolvimento sustentável e vai assessorar o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante a Cúpula de Copenhague.

"Infelizmente, os EUA não têm um objetivo claro em nível federal, mas, sim, em nível de estados e municípios", afirmou Yumkella.

"Mas o que é realmente interessante nos EUA são as empresas que veem no setor uma oportunidade de negócio, já que, se não se movimentarem, outros vão desenvolver a tecnologia do futuro e elas ficarão para atrás", explicou.

Segundo o diplomata, a China é o país com mais ativos neste setor, por isso ninguém deveria vê-lo como principal poluidor do planeta, já que o gigante asiático está investindo mais recursos que ninguém nas energias renováveis.

"A China se movimenta porque precisa assegurar suas fontes energéticas. Vemos a mesma coisa na Europa, onde os países se movimentam pela competitividade (econômica)", explicou.

"Estamos vivendo uma revolução da energia limpa, lentamente, no mundo todo, porque todos sabem que, se ficarem para trás, os outros desenvolverão as tecnologias", concluiu Yumkella.

http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5jmcFD8C4yzsQ8QHlioDilYkR2cUg

Aquecimento Global em SC


Foto tirada pelo amigo Ramadan Espíndola em 30/12/2009 no Calçadão de São José.

Mostra que, de fato, o aquecimento global é marcado, entre outras características, pelo aumento da volatilidade das temperaturas. É raro encontrar-se um termômetro marcando 40 graus Celsius em Santa Catarina.