sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Para refletir

"Creio que pelo menos alguns economistas que dominam brilhantemente as 'modelagens' matemáticas (se forem um pouco menos cínicos do que o prêmio Nobel Robert Lucas) devem repetir para si mesmos a pergunta que a rainha Elizabeth II fez aos professores da famosa London School of Economics em novembro de 2008: 'Como foi possível que, depois de mais de um século de estudos, os senhores foram incapazes de prever a crise que colocou em risco a economia mundial?' O fracasso da macroeconomia em matéria de 'previsão' é fato passado em julgado. E (com razão ou não) muitos acadêmicos garantem que 'prever' não é obrigação dos economistas e não é a finalidade da teoria econômica 'científica', o que não parece fora de propósito. O fato curioso é que eles mesmos, quando assumem o papel de 'analistas' no mercado financeiro (a serviço de bancos, fundos e 'tutti quanti'), não fazem outra coisa a não ser 'prever', para induzir 'cientificamente' os compradores de seus papéis. Aquela atitude defensiva, entretanto, não poupa a teoria econômica. De um 'cientifismo equivocado' que lhe deu imensa visibilidade e prestígio, há pouco mais de uma década, ela hoje é vista com desconfiança, quando não desmoralizada." (Antonio Delfim Netto. "Para Salvar a Teoria Econômica". Valor Econômico, 1º/12/2009)

Do blog: http://antitruste.blogspot.com/2009/12/modelagens.html. "Algumas coisas, quando ditas com clareza e simplicidade, são avassaladoras. Ainda mais se ditas por pessoas ilustres, como Delfim Netto (e a Rainha Elizabeth, of course)".

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