quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sujando a matriz elétrica brasileira

- BNDES eleva crédito a energia poluente

Na contramão das medidas propagandeadas pelo governo brasileiro para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, o BNDES voltou, em 2009, a financiar usinas "sujas", movidas a gás natural, óleo e carvão. Somente neste ano, segundo levantamento feito pela Folha, a aprovação de financiamento para usinas térmicas foi de R$ 2,6 bilhões, cerca de 58% dos investimentos totais dos projetos, que atingem R$ 4,45 bilhões. O banco informa que R$ 811 milhões para termelétricas já foram desembolsados. Desde 2003, aproximadamente R$ 3,6 bilhões foram contratados, sendo liberados R$ 2,45 bilhões. Os repasses anteriores haviam sido feitos em 2003 e em 2004, ainda como consequência do apagão elétrico de 2001. Nos anos seguintes, as usinas "sujas" não receberam dinheiro do banco de fomento, mas voltaram neste ano a captar os recursos.A assessoria do banco informou que entre 2003 e 2009 o BNDES financiou R$ 41,8 milhões em projetos de geração de energia, sendo que 9% do total foi para termelétricas. "O sistema energético brasileiro precisa contar com termelétricas por questões de segurança de suprimento. Ou seja, para mitigar os riscos de falta de energia em períodos de seca", disse a assessoria. (Folha de São Paulo - 20.12.2009)


- Falta de projetos criou mercado para termelétrica

A falta de projetos hidrelétrico nos leilões de oferta de energia nova no Brasil criou um mercado gigantesco para as termelétricas, que geram energia a partir de gás natural, óleo combustível, óleo diesel e até carvão mineral. O aumento da oferta de crédito para as térmicas ocorre na esteira dessa situação do setor no país. O atual modelo do setor elétrico brasileiro trabalha com a perspectiva de iniciar a contratação de energia cinco anos antes do início do fornecimento. O conjunto das distribuidoras projeta as demandas e vai aos leilões para contratar a oferta. O modelo é eficiente ao dar previsibilidade à carga que terá de ser atendida no futuro, mas torna transparente também o rumo da matriz energética brasileira -hoje migrando de uma base hidráulica (considerada mais limpa) para as térmicas (apontada como mais suja do ponto de vista ambiental). Só com essa primeira etapa concluída, o governo fará o leilão do projeto. Embora tenha feito grande pressão sobre a área ambiental, o MME teve que adiar o leilão do empreendimento para 2010. Se, por um lado, Belo Monte representa um risco ambiental para a região amazônica, por outro, também pode ajudar -se for licenciada- a reduzir a quantidade de projetos termelétricos a gás natural que são habilitados a participar dos leilões. (Folha de São Paulo - 19.12.2009)


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