sexta-feira, 12 de março de 2010

Sobre integração energética na América Latina

1 Integração energética da AL pode adiar a necessidade investimentos

Na caneta dos técnicos no setor elétrico, a interconexão dos países sul-americanos poderia adiar a necessidade de US$ 10 bilhões em investimentos em geração. A explicação é que a região tem climas hidrológicos complementares e, portanto, a carga média poderia subir sem novas construções, explica Sinval Zaidam Gama, da Eletrobrás. Segundo ele, essa integração também permitiria que os consumidores da América do Sul gastassem US$ 1 bilhão a menos por ano ou que as tarifas poderiam cair, em média, 4%. (Valor Econômico - 09.03.2010)

2 Bons contratos podem minimizar riscos na integração energética

Segundo Sinval Zaidam Gama, da Eletrobrás, os riscos que sempre existem em empreendimentos, principalmente quando envolvem outros países, podem ser minimizados por bons contratos. Gasodutos que atravessam a Europa também foram temas de discussões entre países vizinhos. Mas ele lembra que, apesar das rusgas políticas recentes, um bom contrato e regras de arbitragem mantiveram intacta a interligação entre Colômbia e Venezuela. O Brasil, porém, não passa ileso pelo racionamento venezuelano atual, com interrupções no fornecimento a Roraima, que ainda não se conectou ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Gama assegura que, apesar do projeto de internacionalização estimulado pelo governo, a Eletrobrás só investirá em projetos fora do país que se apresentarem como rentáveis. "Só investiremos onde a Taxa Interna de Retorno (TIR) for interessante." (Valor Econômico - 09.03.2010)

3 Lobão: integração sul-americana elevará a segurança energética

Segundo opinião manifestada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a integração sul-americana também elevará a segurança energética para o fornecimento brasileiro. Ele explicou que, no caso da Guiana, o país não teria recursos suficientes ou demanda que justificasse a criação de uma grande hidrelétrica. Segundo o projeto para a usina na antiga colônia inglesa, a energia gerada será consumida em apenas 5% por aquele país e o resto virá ao Brasil. A Guiana, hoje, é abastecida só por térmicas. (Valor Econômico - 09.03.2010)

4 Integração energética da AL: riscos

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, vai lançar no dia 22 a nova marca da Eletrobrás, agora sem acento, como sinal da internacionalização da companhia. A mudança da marca estará associada a um projeto de integração energética que a empresa pretende promover na América Latina, construindo linhas de transmissão entre países e hidrelétricas em parceria com Argentina, Peru, Bolívia e Guiana, entre outros vizinhos. Embora no sentido técnico a interconexão elétrica da região faça sentido, do ponto de vista geopolítico ela pode acarretar riscos ao sistema, se os contratos não forem bem feitos. Levantamento feito pelo Instituto Acende Brasil aponta que, na última década, foram no mínimo oito os contratempos que o sistema energético brasileiro teve com os vizinhos. São eles: a interrupção do fornecimento de 2 mil MW da Argentina em 2007; o racionamento de energia na Venezuela que ainda hoje força o acionamento de térmicas para atender Roraima; a alteração das formas de cobrança do gás da Bolívia; o episódio da "nacionalização" de empresas da Petrobras na Bolívia, em 2006; oscilações no fornecimento desse gasoduto nos anos seguintes; interrupções na oferta de gás natural argentino para acionamento da usina térmica de Uruguaiana, no Brasil; alteração em regras para despacho de energia entre Brasil e Argentina; e, mais recentemente, a renegociação de Itaipu. Se, quando firmados, os acordos têm motivações técnicas e econômicas bem definidas, os episódios apontados mostram que, por questões políticas, o sistema pode sofrer ou se tornar até mais caro e menos eficiente, explica Claudio Sales, presidente do Acende. (Valor Econômico - 09.03.2010)

5 Eletrobrás: know-how em construção de usinas hidrelétricas

Com a sua nova imagem, a Eletrobrás quer atrelar sua marca ao know-how em construção de usinas hidrelétricas. O destaque é relevante em um momento em que o mundo discute a emissão de carbono de matriz elétrica. As hidrelétricas são consideradas usinas de energia renovável e, com esse discurso, o Brasil quer convencer os vizinhos a se associarem à Eletrobrás. A imagem da empresa é relevante também no aspecto político, para conquista dos cidadãos de países vizinhos. No Peru, por exemplo, no início das discussões sobre a construção de usinas pelo Brasil, a recepção foi fortemente negativa. O argumento mais ouvido por lá era: "Não deixaremos o Brasil vir aqui explorar as nossas riquezas naturais", segundo brasileiros que participaram de seminários sobre o tema no Peru. Hoje, porém, a rejeição dos peruanos à usina já se reduziu, com a explicação e convencimento de que o fornecimento ao país será prioritário em relação à exportação de energia. O Peru tem 20 mil MW de potencial hidrelétrico, por conta de seu relevo bastante acidentado, mas explora só 4 mil MW atualmente. (Valor Econômico - 09.03.2010)

6 Energia de hidrelétricas internacionais poderá ser vendida por leilão no Brasil

A energia das hidrelétricas estudadas no exterior para abastecer o mercado brasileiro poderá ser vendida através de leilões. A medida está sendo estudada, por exemplo, para as usinas localizadas no Peru. Se implementada, a modalidade será uma guinada em relação ao modelo adotado para internalizar a energia de Itaipu, que é cotizada entre as distribuidoras do Centro Sul do país.Segundo Sinval Gama, superintendente de Operações no Exterior, a energia deve entrar no mercado nacional mostrando sinal econômico mais barato para não pressionar as tarifas de energiaA Eletrobrás está estudando seis usinas hidrelétricas no Peru, com capacidade instalada de 6,5 mil MW. A primeira a ser desenvolvidade deve ser Inambari, com 2 mil MW. Gama disse que a forma de internalização da energia será decidida em Tratado entre os dois países, a ser votado pelos Congressos Nacionais.Além delas, estão em estudo uma usina na Guiana, com 1.500 MW; e duas, em parceira com a Argentina - Garabi (1.036 MW) e Roncador (1.144 MW). (CanalEnergia - 08.03.2010)

7 Revisão do Tratado de Itaipu ainda está no Congresso

Na semana passada, o vice-ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Jorge Lara Castro, veio ao Brasil com uma comitiva para visitar parlamentares e pressionar pela ratificação da mensagem enviada pelo governo, em novembro, ao Congresso, que revê as condições do tratado de Itaipu. Com o acordo, o Brasil aumentará o desembolso anual, para o país vizinho, de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões. A mensagem presidencial, que não pode ser alterada, mas apenas ratificada ou rejeitada pelo Congresso, está em discussão desde novembro na Comissão de Assuntos do Parlamento do Mercosul. Seu presidente, o deputado José Paulo Tóffano (PV-SP), espera que o relatório seja apresentado dentro de uma ou duas semanas. "Para o Paraguai, que tem um governo de caráter social, esse é o nosso voto de credibilidade, de fortalecimento de um parceiro", afirma Tóffano. Segundo ele, o acordo data de 1973 e, de lá para cá, houve grande desvalorização do dólar. (Valor Econômico - 09.03.2010)

8 Instituto Acende: mais desvantagens do que vantagens ao Brasil no Tratado de Itaipu

O Instituto Acende, centro de estudos mantido por empresas do setor elétrico, está concluindo estudo, a ser apresentado ao Congresso, que mostraria mais desvantagens do que vantagens ao Brasil, se o país ratificar a declaração conjunta feita pelos dois países de julho de 2009. Segundo Cláudio Sales, presidente da entidade, 100% do financiamento de Itaipu já foi assumido pelo Brasil e haverá distorção no mercado de oferta de energia, porque os geradores brasileiros terão de competir no mercado livre com a geração excedente do Paraguai. Além disso, os contribuintes brasileiros serão duplamente onerados, diz. "Itaipu não é um pedaço de papel, que aceita arroubos pseudoaltruístas de quem quer 'fazer justiça' com dinheiro alheio." Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), ceder em Itaipu resultará em elevação da tarifa de energia brasileira, que já é alta, diz, por causa de encargos e impostos. Sales, por sua vez, lembra que o aumento dos repasses do Brasil para o Paraguai, de US$ 240 milhões, significará, em dez anos, o custo da construção de uma usina como Estreito, no Tocantins, de 1.087 MW. (Valor Econômico - 09.03.2010)


Um comentário:

  1. Caro professor André,

    Meu nome é André Nepomuceno, sou estudante de Relações internacionais meu tema de monografia trata-se de integração da américa do sul por meio das energias renovaveis o que teria como estudo de caso a hidreletrica como enfoque. Enfim caso o senhor possa me ajudar com bibliografia seria grato, dehri2004@yahoo.com.br

    desde já agradeço,

    André Nepomuceno

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